Tic Tac Tic Tac Tic Tac

Já te pediram para esperar?
Por um segundo sequer?
A mim já.. E eu nunca pedi a ninguém para esperar por mim..
O tempo tem o condão de nos tapar os olhos, de nos fazer crer que tudo é possível ou impossível! O tempo corre, pára, salta, confude-se e mistura-se! Esperar? Voltar para trás? Deixa-te estar..
Por vezes o relógio pára e a culpa não é tua, nem é minha, nem é nossa.. Já não usas o velho relógio de corda e eu já não espero pelo correio!
Hoje só não estamos porque não há tempo, porque o tempo já passou, porque o tempo não chega, porque ainda é muito cedo ou já é muito tarde..
Sentes que o vento carrega o teu nome para além dos montes? No outro dia senti um grão de areia na cara.. E a lua já está quase cheia outra vez, mais uma vez, como tem acontecido ao longo de todos estes anos. Vais olhar para ela? Irá ela contar-me as tuas histórias como um dia contou? Sim, porque a lua é sempre a mesma e o vento também..
Ainda agora abanaram as minhas cortinas..
Eras tu a tentar entrar? Os sinos não tocaram.. Sei sempre quando és tu porque as campainhas me contam, mas há já algum tempo que deixei de entender o que me tentam dizer..
Cairam impérios e construiram-se máquinas e tu onde andaste? Onde estiveste? Deixa o vento contar-me, nem que apenas venha escrito nas folhas que ele arrasta no Outono, eu espero.. Espero e prometo não juntar os calcanhares três vezes numa vã tentativa de ir.. ou de voltar..
Clock Clock Clock..
Pois.. Apesar de ainda não me teres oferecido os sapatos não resisti.. "Clock", a Onomatopéia perfeita..
Anda lá.. Acerta o relógio! Já passaram mais de dez anos e eu, olhando bem para trás, quase que não dei por nada e se sempre tiveste razão será que não chegou já a altura da grande viagem?
O furacão está a chegar e eu estou quase a voltar à Cidade Esmeralda que entretanto mudou de sítio e eu temo já não reconhecer o caminho, porque o caminho agora é outro e eu, no meio de tanta mudança, perdi o mapa que pintei na madeira velha!
Quando chegar ao cruzamento viro para onde?